TÓPICO ESPECIAL: A CEIA DO SENHOR EM JOÃO 6 (MEU COMENTÁRIO, VOL. 4, JOÃO)

A. O Evangelho de João não registra a Ceia do Senhor, embora os capítulos 13-17 registrem o diálogo e a oração no Cenáculo. Essa omissão pode ser intencional. A igreja do final do primeiro século começou a ver as ordenanças num sentido sacramental, Eles os viam como canais de graça. João pode estar reagindo a essa visão sacramental em desenvolvimento não registrando o batismo de Jesus ou a Ceia do Senhor.

B. João 6 está no contexto da alimentação dos cinco mil. Contudo, muitos usam-no para ensinar uma visão sacramental da Eucaristia. Esta é a fonte da doutrina Católico Romana da transubstanciação (vv. 53-56).

A questão sobre como o capítulo 6 se relaciona com a Eucaristia mostra a dupla natureza dos Evangelhos. Obviamente, os Evangelhos se relacionam com as palavras e a vida de Jesus, contudo eles foram escritos décadas depois e expressavam a comunidade da fé dos autores individuais. Assim, há três níveis de intenção autoral:

1. O Espírito;

2. Jesus e os ouvintes originais;

3. Os escritores do Evangelho e seus ouvintes.

Como alguém deve interpretar? O único método verificável deve ser uma abordagem contextual, gramatical e léxica, informados por um cenário histórico.

C. Devemos lembrar que o público era judeu e a formação cultural era a expectativa rabínica do Messias sendo um Super-Moisés (cf. vv. 30-31), especialmente em relação às experiências do Êxodo, como o provedor "maná”. Os rabinos usariam Sl 72.16 como um texto-prova. As declarações comuns de Jesus (cf. vv. 60-62, 66) eram destinadas a contrapor as falsas expectativas Messiânicas da multidão (cf. vv. 14, 15).

D. Os pais da igreja primitiva não concordavam todos que esta passagem se refere à Ceia do Senhor. Clemente de Alexandria, Orígenes e Eusébio nunca mencionam a Ceia do Senhor em suas discussões sobre esta passagem.

E. As metáforas desta passagem são muito similares às palavras de Jesus usadas com a "mulher no poço” em João 4. A água e o pão terrenos são usados como metáforas da vida eterna e das realidades espirituais.

F. Essa multiplicação dos pães é o único milagre registrado em todos os quatro Evangelhos!